sábado, 2 de abril de 2011

A ARTE DA MINERAÇÃO

         
Era estranho ver um minerador sem uma pá, sem uma picareta, nem mesmo uma peneira para que pudesse garimpar nas águas dos rios!
O velho usava apenas a palavra para minerar. Explicava as coisas da vida de uma forma tão especial: como a gentileza é sufocada pela pedra dura da indiferença; a importância de usar o nosso dom como instrumento para se aprofundar e conhecer a nossa própria mina; porque as pessoas, quando descobrem a Pedra do Perdão, ficam tão ricas...
Falava de coisas simples, como aquele velho provérbio "água mole em pedra dura, tanto bate até que fura" e, ao mesmo tempo, falava de coisas tão difíceis de entender, como a Pedra do Respeito entre as pessoas, "esta é uma pedra muito valiosa", dizia ele com um brilho no olhar.
 Seu único instrumento de mineração era sua sensibilidade, devagarinho ia conhecendo as pessoas, rompendo a casca, descobrindo aos poucos suas trilhas, seus caminhos, sempre à procura de um sorriso ou de uma pequena mas preciosa fonte de luz, suficiente para iluminar e envolver as mais duras ideias da bruta pedra humana.    

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