quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O VELHO MINERADOR

O velho não era um minerador qualquer, como esses garimpeiros e mineradores tradicionais, despejando mercúrio nos rios e nas lavras, envenenando a terra na busca dos metais nobres e caros, mas sim, minerava as pessoas com a química do carinho à procura de pedras mais simples, mas de um imenso valor, como o sorriso, o amor.

Mesmo porque, não tinha a intenção de carregar consigo os tesouros que encontrava pelos caminhos, como muitos fazem, deixando um vazio na terra, carregando a alegria que existe em cada coração. Muito pelo contrário, fazia questão de deixar tudo ali mesmo, bem à mostra, aos olhos de todas as pessoas que, por ventura, se atrevessem a entrar naquela mina.

DETALHES

É na peneira
dos pequenos detalhes
que conhecemos
as pessoas mais preciosas.

GABRIELA GAIVOTA

Na primeira mancha de luz rompendo a noite, Gabriela Gaivota levantava voo.
Ia subindo, subindo, até muito alto. Era sempre a primeira Gaivota a ver o nascer do sol.
Em seguida, descia rapidamente ao avistar um barco se aproximando da costa.
Gabriela amava Antônio Pescador, só porque alimentava suas amiguinhas Gaivotas.
Gabriela adorava o mar, e adorava Marcelo Golfinho com quem ficava horas brincando de pegar. Ela mergulhava no mar pra se refrescar e Marcelo Golfinho mergulhava no ar para respirar.
Mas Gabriela também amava o céu, amava o destemido Atobá, o incrível João-de-barro e o barulhento Pica-pau, com quem passava a tarde cantando e fazendo poesia:
"-Terra
é um ninho
de água!" - dizia ela.
Mas ninguém a compreendia!!
Ninguém a compreendia, por exemplo, porque voava tão alto só pra ser a última Gaivota a ver o pôr do sol.