quinta-feira, 24 de novembro de 2011

O CORAÇÃO HUMANO

Como poeta, acredito que o mundo é regido por sinais, símbolos, códigos invisíveis, e acho que buscar a compreensão e a tradução das coisas é o grande desafio e mistério da vida.
Compreender e traduzir os sinais vitais e físicos do coração humano para diagnosticá-lo e tratá-lo, pode até ser fácil, difícil, é traduzir e compreender o coração humano para o amor.


PRÓLOGO:
O coração, como um órgão vivo, é responsável pela distribuição de oxigênio e nutrientes presentes no sangue, através das suas artérias, arteríolas e capilares, para cada célula do nosso corpo.
Também coleta o sangue com dióxido de carbono e resíduos pesados e desprezíveis, levando-o até os pulmões e os rins para ser recuperado, voltando novamente para a grande corrente sanguínia carregado de oxigênio e nutrientes...

O coração, como amor, celebra a vida convertendo a imagem venosa e desprezível da intolerância e da estupidez na substância gasosa e oxigenada do respeito, da cordialidade e do afeto...
Do amor, enquanto sistema circulatório do encantamento, nos dá a graça de poder elevar e transformar os mais impuros pensamentos ao ápice da delicadeza e da sensibilidade que lhe é confiado.
A sagração da Vida!

sábado, 2 de abril de 2011

A ARTE DA MINERAÇÃO

         
Era estranho ver um minerador sem uma pá, sem uma picareta, nem mesmo uma peneira para que pudesse garimpar nas águas dos rios!
O velho usava apenas a palavra para minerar. Explicava as coisas da vida de uma forma tão especial: como a gentileza é sufocada pela pedra dura da indiferença; a importância de usar o nosso dom como instrumento para se aprofundar e conhecer a nossa própria mina; porque as pessoas, quando descobrem a Pedra do Perdão, ficam tão ricas...
Falava de coisas simples, como aquele velho provérbio "água mole em pedra dura, tanto bate até que fura" e, ao mesmo tempo, falava de coisas tão difíceis de entender, como a Pedra do Respeito entre as pessoas, "esta é uma pedra muito valiosa", dizia ele com um brilho no olhar.
 Seu único instrumento de mineração era sua sensibilidade, devagarinho ia conhecendo as pessoas, rompendo a casca, descobrindo aos poucos suas trilhas, seus caminhos, sempre à procura de um sorriso ou de uma pequena mas preciosa fonte de luz, suficiente para iluminar e envolver as mais duras ideias da bruta pedra humana.    

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O VELHO MINERADOR

O velho não era um minerador qualquer, como esses garimpeiros e mineradores tradicionais, despejando mercúrio nos rios e nas lavras, envenenando a terra na busca dos metais nobres e caros, mas sim, minerava as pessoas com a química do carinho à procura de pedras mais simples, mas de um imenso valor, como o sorriso, o amor.

Mesmo porque, não tinha a intenção de carregar consigo os tesouros que encontrava pelos caminhos, como muitos fazem, deixando um vazio na terra, carregando a alegria que existe em cada coração. Muito pelo contrário, fazia questão de deixar tudo ali mesmo, bem à mostra, aos olhos de todas as pessoas que, por ventura, se atrevessem a entrar naquela mina.

DETALHES

É na peneira
dos pequenos detalhes
que conhecemos
as pessoas mais preciosas.

GABRIELA GAIVOTA

Na primeira mancha de luz rompendo a noite, Gabriela Gaivota levantava voo.
Ia subindo, subindo, até muito alto. Era sempre a primeira Gaivota a ver o nascer do sol.
Em seguida, descia rapidamente ao avistar um barco se aproximando da costa.
Gabriela amava Antônio Pescador, só porque alimentava suas amiguinhas Gaivotas.
Gabriela adorava o mar, e adorava Marcelo Golfinho com quem ficava horas brincando de pegar. Ela mergulhava no mar pra se refrescar e Marcelo Golfinho mergulhava no ar para respirar.
Mas Gabriela também amava o céu, amava o destemido Atobá, o incrível João-de-barro e o barulhento Pica-pau, com quem passava a tarde cantando e fazendo poesia:
"-Terra
é um ninho
de água!" - dizia ela.
Mas ninguém a compreendia!!
Ninguém a compreendia, por exemplo, porque voava tão alto só pra ser a última Gaivota a ver o pôr do sol.

sábado, 18 de setembro de 2010

MULHER

o dia
é a roupa das estrelas
e à tardinha se despem
pra de noite nos seduzir

duas são tuas luas
a me iluminar
e se precipitam à terra
quando as beijo
e acaricio

gemendo e suando
é teu corpo dançando
um mar agitado a me levar
cada onda que crias, um delírio;
e navego por toda tua pele
sem pressa de atracar
no cais

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Do AMOR

      Quando uma pessoa para de ver as maldades e indiferenças no mundo de hoje para olhar as flores e a poesia que está à sua volta, pode acreditar, aí está a beleza de ser humano.
      Quem dera o olhar do beija-flor, pudesse ser o nosso olhar. O mundo não seria mais o mesmo.
      Parar no ar, parar com tudo e olhar a deli-cadeza de cada pétala, a energia vibrante das cores, o detalhe das formas.
      Sugar o doce néctar da poesia escrita pela própria natureza.

      Quando alguém ama, ganha asas para ver um mundo diferente, e tem não apenas os olhos, mas a alma flutuando ao lado da flor da pessoa amada.